05 janeiro 2011

Maria Mika, foto, vai passar suas férias no Rio de Janeiro. Leia entrevista


Apaixonado pelo Brasil, Maria Mika está de férias no Rio de Janeiro.
A cantor Mika está passando férias no Rio de Janeiro. Depois de ser ovacionado por 20 mil pessoas no Planeta Terra em novembro último e ver jornais e sites especializados escolher a apresentação como a melhor do ano no Brasil, o moço resolveu que se apaixonou pelo Brasil (ou seria pelo calor de seu povo?) e veio passar férias por aqui. ( AINDA NÃO FOI ROUBADA? MONA A SENHORA TAH FINA )
Prestes a lançar seu novo álbum _ele adiantou em entrevista para a revista JUNIOR que o próximo CD é “meio Glee”_ Mika anda favoritando a cultura brasileira. Diz que é a melhor comida do mundo e que está apaixonado por Milton Nascimento. Em São Paulo ele ficou surpreso com o público: “quando cantei a primeira música percebi que todos cantavam juntos, que sabiam a letra. Então tive a certeza que seria um grande show”. Ele não se enganou. Com um público na mão (majoritariamente gay, diga-se), Mika fez o que quis, e transformou seu show em uma grande festa. Quando terminou, foi ao Bar Secreto, em Pinheiros, depois em uma “festinha” e então para o hotel. No dia seguinte, um domingo, recebeu o repórter Edson Soares às 13h para a entrevista exclusiva que segue abaixo.

No táxi enquanto vinha para cá, fiquei pensando qual seria minha primeira pergunta e achei melhor começar compartilhando algo - o que já dá o tom dessa “entrevista”. Seu primeiro álbum é muito especial para mim. Na época, 2006/2007, morava na França e vivia um período de muitas descobertas, quando pela primeira vez achei natural ser gay. Pela primeira vez sentia orgulho e não vergonha de quem sou.Quando voltei contei para os meus pais e amigos.Legal começar assim. Eu acho maravilhoso ouvir isso. É quase a razão de um álbum como o meu. Como se tivesse sido feito para isso. É engraçado, pois já ouvi outras
pessoas que na época tinham seus vinte e poucos falarem a mesma coisa. Dizem que passavam por um momento difícil e ao ouvirem o álbum acabavam se transformando, se
sentindo mais...

...Fortes?Não é bem força. É como um passarinho que lhes puxasse pela manga da camisa e os mudasse de direção. Um empurrãozinho. Eu acho que a única razão em concordar com
isso é simplesmente o fato de ter escrito essas canções pelo mesmo motivo. Eu componho para me sentir melhor sobre coisas da minha vida. Minhas músicas parecem contar histórias de outras pessoas, mas no fundo são sobre mim. Só imagino personagens para que as pessoas se identifiquem mais facilmente. Se funciona pra mim, mesmo quando está tudo uma merda, talvez tenham o mesmo efeito em outras pessoas.

Não sei bem como explicar ou resumir, de repente estava lá seguro de mim mesmo e sua música parecia a trilha ideal para sair, dançar, celebrar, interagir com os passantes... como em um musical. O aspecto de musical é uma decisão bastante consciente. Sempre tento pegar as pessoas que ouvem meus discos em um lugar, experimentar diferentes sensações e deixá-las em outro patamar. Nunca quiz que meus álbuns soassem como bits musicais desconexos.

Conte como era antes da música... Eu te olho e vejo uma criança em seu quarto fazendo um monte de coisas criativas... faz sentido?Meu quarto era um workshop, mas nem sempre fazia coisas tão criativas assim. Gostava de construir, fazia cenários e ambientes com meus brinquedos. Eu também fazia roupas e
ouvia muita música. Era uma criança que gostava de construir mundos. Minha mãe me achava meio autista pois me pegava limpando as paredes do quarto com uma escovinha.
Eu as queria absolutamente brancas. Com o tempo ela começou a se preocupar. Essas fantasias são comuns aos sete anos de idade e vão sumindo até os 13. Mas para mim era
pior. Quando tinha 15 estava fazendo ainda mais. Ela decidiu que eu deveria escolher algo de toda aquela brincadeira para trabalhar. Acabei sendo expulso do colégio por que
ficava muito em meu mundinho e ela me fez estudar música. Eu tinha lições super puxadas com um professor russo. Eram horas de prática. Detestava. Mas fiquei bom muito rápido e logo começaram a aparecer trabalhos em óperas e teatros. Então comecei a dividir meu tempo, em um semestre ía para a escola e no outro trabalhava. Na escola as coisas continuavam horríveis. Era rejeitado socialmente e sofria ataques homofóbicos.

Como foram essas experiências na escola?Foi horrível. Não foi fácil lidar com essa história de crescer. Quem não concorda ou tenta diminuir o problema do bullying e da homofobia está falando merda. Acho que encontrei
uma forma de dar a volta por cima sendo muito bom em algo. Escolhi a música. Acreditei que assim ganharia um pouco de liberdade e responderia aos ataques de uma forma muito mais forte, sem precisar confrontar meus agressores. Queria pulverizá-los.

Você conseguiu fazer isso bem...Estava obsecado por isso. Formulei algo meio sem querer em minha cabeça. Hoje olho para trás e entendo o que estava fazendo. Sempre sofri muito com rótulos que recebia,
então decidi que para sempre rejeitaria qualquer tipo de rótulo. É uma atitude muito diferente da de alguém que lutou por direitos políticos na década de 60 nos Estados
Unidos, por exemplo. É o contrário disso. Eu era jovem e vivia em outro contexto, por isso me concentrei em expandir as fronteiras da tolerância. Sempre digo que tolerância é
muito mais importante. Rótulos são importantes para pessoas que dependem deles para viver e fazer política. Uma vez estava em turnê pelo norte da África, em um país
notoriamente conhecido por uma politica opressora e anti gays, e durante meu show cantei “Billy Brown”. Cerca de 46 mil pessoas cantaram juntas a história do cara que finge
que não é gay, se casa, e depois resolve se assumir e nada mais além disso importa. Ouvir 46 mil pessoas cantando uma música como essa é tolerância, não é política e não
tem nada a ver com rótulos. Eu pesquiso teatro e me inspiro bastante no Michael Hunchtence (INXS). Ele foi uma pessoa muito importante para a fisicalidade masculina na
cultura pop. Ele, por exemplo, mexia os ombros como uma mulher mas de uma maneira masculina. Quando subo no palco e danço de uma maneira mais feminina tabém faço um
convite à tolerância. Se você faz algo parecido em alguns lugares na rua ou em um bar, talvez venham te abordar. Eu posso fazer no palco independente se a pessoa na platéia é
hétero, gay ou outra coisa. E elas acabam reagindo da mesma maneira. A teatralidade é algo muito importante para mim. É o meu approach. Cada um pode ter o seu. Mas claro
que a sexualidade é algo que pesa em meus discos. Eu falo sobre isso mais do que qualquer outro artista pop do mundo, mas o faço de uma maneira que engana pessoas
que talvez nunca falariam sobre o assunto. Não tem política em minha música. É quase uma armadilha.

Mas o envolvimento político é importante para a conquista de direitos legais.Pouco a pouco tenho me envolvido mais no lado político, conforme vou ficando mais velho. Recentemente escrevi uma coluna para o jornal italiano La Repubblica em que respondo a um recente comentário homofóbico do Berlusconi. [referindo-se à declaração do primeiro ministro italiano que respondeu a acusações de assédio a uma jovem marroquina menor de idade dizendo que “é melhor gostar de mulheres bonitas do que ser gay”].

O que você diz no artigo?O artigo não saiu ainda, mas basicamente digo que em nenhum outro país desenvolvido no mundo um líder político faz um comentário como esse e ganha tapinhas nas costas ao
invés de uma repercussão negativa. Não é engraçado. Ele e todos que o apoiam deveriam se envergonhar. É estúpido. E escrevo isso no momento em que meu disco está no topo em diversos segmentos do mercado fonográfico italiano.

Nunca sabemos nada sobre você. Como se mantém intacto ao assédio da imprensa?Eu sou um mistério. Tenho um monte de segredos, alguns bons e outros que me envergonham, desde jovem. “O Garoto que Sabia Demais” [título do segundo disco] é
uma referência ao jovem que fingia ir dormir e fugia pela janela para se jogar em clubes até as cinco da manhã. Não sou tão perfeitinho assim.

E o que você faz pra se divertir?As mesmas coisas que todo mundo. Saio, mas para lugares que não haverá fotógrafos. Eu bebo, faço coisinhas... sabe... igual a todos. Mas ninguém lê nada a respeito. Eu não
entrego tudo. Coloco tudo em minhas músicas e não em entrevistas. Acho importante acordar e ser capaz de fazer um show, escrever uma música, fazer meu trabalho e não
sentir que vendi todos os aspectos da minha vida. E isso me ajudou muito. A turnê de meu segundo disco foi três vezes maior que a do primeiro. Acho que isso só acontece por
que me mantive relativamente focado. Talvez um dia isso mude, mas por enquanto estou bem feliz assim.

O que podemos esperar do terceiro álbum?Vai ser um disco ultra pop. Bem mais que o segundo, mas diferente do primeiro. Não é sobre infância, nem adolescência. São histórias diferentes. Você vai conseguir encaixá-lo
no todo de minha carreira mas ao mesmo tempo verá coisas novas. Tem algo em minha música que é difícil de explicar. Eu não me considero cool ou uncool, na moda ou fora de
moda. Eu sou meio qualquer coisa. Minha música não é pop, nem indie, nem eletrônica. Ela fica ali em um lugar estranho no meio de tudo isso. É como uma bolha. E sei que
quando faço algo bom é realmente difícil não se envolver. Uma música como “Happy Ending”, por exemplo, simplesmente funciona e ponto. Eu quero que seja assim, cheio de
melodia sem se encaixar muito em gêneros. Você vai ver.
Obrigado! Acho que você precisa ir... Você assiste a série Glee?Sim. Meu próximo álbum é super Glee pra ser sincero.

Eles deveriam fazer um episódio especial Mika.Eu não sou tão famoso assim nos Estados Unidos.

(Vou escrever à Fox sugerindo

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